Durante a idade média prevaleceu a interpretação alegórica defendida por Orígenes.
João Cassiano, já citado em Hermenêutica I, acima, foi um dos principais representantes da época, e lhe é atribuído a famosa distinção entre os quatro sentidos da Escritura:
a) Histórico ou literal – o sentido real do texto.
b) Alegórico ou Cristológico – o sentido mais profundo, apontando para Cristo.
c) Tropológico ou Moral – determinava as obrigações ou conduta do cristão.
d) Anagógico ou Escatológico – apontava para o futuro, as cousas vindouras.
Além dele, e Agostinho houve outros que defenderam vários níveis de sentido em cada passagem das Escrituras.
O ponto central interpretativo desta época era alegorizar a lei de Moisés.
Procuravam transferir as práticas mosaicas para o contexto da época substituindo objetos, como o uso de corais, velas e imagens, e justificando-os com base em textos interpretados alegóricamente.
A igreja criou muitos dogmas os quais eram justificados alegorizando textos bíblicos do Antigo Testamento.
Gregório o grande é um exemplo típico da época, pois seus sermões possuiam três níveis de interpretação: literal, alegórico e moral.
Usou a ressurreição de Lázaro para enfatizar a confissão auricular.
O sistema levítico enfatizava o sacerdócio, e assim por diante. Mas, nem tudo estava perdido na idade média, pois surgiram escolas de teologia nas catedrais onde se estudava a Bíblia dando atenção ao contexto histórico-gramatical.
Outro motivo para isto foi o conhecimento das obras de um judeu chamado Rashi que enfatizava o método de interpretação literal.
Outro fato que muito influenciou foi a tradução de obras de Aristóteles e a publicação da obra de Maimônides, “Guia para os Perplexos” onde ele defende a interpretação literal da lei.
Outro grupo que fez uso e enfatizou a interpretação literal das Escrituras foi: Ordens Mendicantes como os franciscanos, e outros.
A tradução da Vulgata para o Inglês por João Wycliffe também contribuiu para a interpretação literal da Bíblia por parte do povo comum.
Apesar disto,
durante a Idade Média prevaleceu o sentido alegórico.
Mas de alguma forma a interpretação gramático-histórica permaneceu para tornar-se o sistema de interpretação dos reformadores.
Este período da história foi o pior período da Igreja, pois a famosa alegoria permitiu que a igreja romana criasse muitas doutrinas heréticas como: purgatório, missa, ou reza para tirar mortos do purgatório, acendimento de velas para santos e outros mortos, adoração de estatuetas, e, etc..
Mas, apesar disto, Deus manteve o método gramático-histórico por alguns que estudavam a Bíblia, e a ensinavam nas Catedrais, Mosteiros, e em Escolas de Teologia mantendo a chama acesa para a Reforma Protestante que se deu com Lutero, Calvino e outros.
Que Deus nos ajude a interpretarmos sua Palavra de acordo com sua vontade.
Continuaremos
o assunto no próximo artigo.
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